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“Numa manhã de março de 1947, a aiveca do charrueco de Joaquim Inocêncio, pôs a descoberto um pequeno fragmento de mármore trabalhado que pertencia ao capitel de uma coluna. À hora do jantar, ao meio-dia, engoliu rapidamente a açorda, muniu-se de um enchadão e foi direito ao local. A uns cinquenta centímetros de profundidade encontrou um pavimento de pedrinhas coloridas com figurações para ele totalmente desconhecidas (…).
Consciente do que tinha diante dos olhos, mandou remover alguma terra em volta da porção de mosaicos visível – deste modo começou a pôr a descoberto nada mais, nada menos, do que o monumental “Mosaico das Musas” de 10,24m x 6,35m. Entretanto participou o facto ao senhorio, Sr. João da Costa Falcão, e este esclarecido dono, satisfeito com tais resultados tudo facilitou, na altura e depois, para que se explorasse convenientemente este sucesso ocorrido nos seus terrenos.
A notícia correu célebre, o que fez com que, todos os dias, se vissem a caminho pessoas de Monforte e Vaiamonte, isoladas ou em pequenos grupos atraídas pelo desejo de ver as “minas”, nome pelo qual conheciam o mosaico, por ter sido encontrado debaixo do chão. Os jornais deram relevo ao acontecimento e pouco depois, estava no local o Professor Dr. Manuel Heleno “O achado deu brado e ao conhecimento do Diretor do Museu Etnológico, que para ali se deslocou no dia 22 do dito mês, com o fim de acautelar as antiguidades descobertas e preparar escavações metódicas”. Descobriram-se também pavimentos de edificações próximas, tais como os de uma igreja, mas o que principalmente interessa aos lavradores foi ter-se posto à luz do dia o maior e melhor assento de lavoura da Lusitânia Romana até agora explorado em Portugal, é um dos mais valiosos do mundo Romano.”
IDADE DO FERRO
Ainda que os vestígios de época romana sejam os mais marcantes em Torre de Palma, certamente em relação com o importante povoado da mesma época do vizinho Cabeço de Vaiamonte, a ocupação desta área iniciou-se nos primeiros séculos do primeiro milénio a.C., tendo aqui sido encontradas cerâmicas e objetos metálicos atribuíveis à Idade do Ferro.
Villa (Séc. I d. C — Século V d. C.)
A Villa é, neste caso, um estabelecimento rural de cariz agropecuário, constituído por um conjunto de edifícios com funcionalidades diversas interagindo num todo.
Este tipo de estabelecimento rural é composto por três sectores: a pars urbana, área residencial do proprietário, a pars rustica, alojamentos dos trabalhadores e escravos, áreas destinadas aos animais e às alfaias agrícolas, e a pars frumentaria ou fructuaria edifícios de produção, conservação: lagares, adegas, celeiros, armazéns e dependências para animais.
A qualidade dos solos, a abundância de água e a proximidade às vias de comunicação eram condições determinantes da implantação, desenvolvimento e crescimento das explorações. Torre de Palma é disso um exemplo, inserida num território com excelentes condições naturais desenvolveu em pleno estas potencialidades, ao longo de mais de meio milénio.
Os pavimentos em mosaico da villa de Torre de Palma constituem, no contexto nacional, uma das coleções mais impressionantes a nível artístico, iconograficamente rica em pormenores e episódios pertencentes à mitologia greco-romana. Além da mitologia, um outro mosaico, o Mosaico dos Cavalos, parece dar-nos uma indicação sobre a que terá sido uma das atividades económicas da villa, a coudelaria, representando, certamente, alguns dos melhores cavalos aí criados, individualmente identificados com os respetivos nomes. Outras salas e corredores tiveram também os seus pavimentos revestidos a mosaico, estes mais simples, com desenho padrão de tema geométrico ou vegetalista.
De todos estes pavimentos apenas se conserva in situ o mosaico do peristilo da casa do século IV, os demais foram levantados quando da realização dos primeiros trabalhos arqueológicos e encontram-se hoje guardados nas coleções do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa.
Devido a constrangimentos técnicos verificados no Centro Interpretativo de Torre de Palma, ao nível das infraestruturas de eletricidade e água, a sala de exposições e as Instalações Sanitárias encontram-se encerradas por tempo indeterminado. As visitas às ruínas continuam a decorrer de forma habitual.
Pedimos desculpa pelo incómodo.”
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LINA MARIA BARRETO BARROQUEIRO (Técnica Superior na Área da Engenharia Civil)
PAULA CRISTINA CURRAIS MORGADO (Técnica Superior na Área da Arqueologia)
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