CENTRO INTERPRETATIVO DIGNIFICA TRADIÇÃO TAUROMÁQUICA
Updated on 08/04/2022A tradição tauromáquica de Monforte, transmitida de geração em geração e que continua a viver-se idolatradamente pelas gentes desse Concelho e tudo aquilo que lhe está inerente alcançaram um dos marcos mais significativos registados na sua história quando, no passado dia 27 de julho, foi inaugurado o Centro Interpretativo Tauromáquico numa cerimónia que contou com as presenças do Secretário de Estado da Administração Local, António Leitão Amaro, do Presidente da Câmara Municipal de Monforte, e do convidado especial Miguel Alvarenga, Presidente da Assembleia Municipal de Monforte, Rui Maia da Silva, dos Presidentes das quatro Freguesias do Município, dezenas de figuras conhecidas da Tauromaquia, demais convidados, vários representantes de órgãos de comunicação especializada e generalista e muitos populares que quiseram testemunhar o acontecimento. Este novo equipamento é uma estrutura do Município de Monforte orientada para a dinamização, organização e valorização de atividades relacionadas com a tauromaquia enquanto entidade representativa da cultura local, regional e nacional.
Depois de ter sido lida uma mensagem enviada pelo artista plástico monfortense “Patico”, coube, então, a Miguel Alvarenga a primeira intervenção, fazendo uma comunicação que, no essencial, distinguiu os efeitos resultantes da intervenção que a Câmara Municipal de Monforte tem assumido e que se têm repercutido proveitosamente na valorização da tradição tauromáquica, felicitando a autarquia pela iniciativa de criar um espaço de divulgação da Tauromaquia como uma mais-valia local e promotora de desenvolvimento social, económico, turístico e cultural.
Seguidamente, Gonçalo Lagem começou por afirmar que “hoje é um dia particularmente feliz para Monforte, que a partir de hoje vê abrir as portas ao público do Centro de Interpretação Tauromáquico, onde se eleva o imenso historial e as características únicas no mundo em termos taurinos de que Monforte é detentor. É incontornável falar de tauromaquia no nosso País e mesmo no mundo, sem que, a dado momento, não seja referido o nome de Monforte. São vários os motivos, são várias as razões, e iremos perceber isso mesmo, à medida que percorrermos as salas que compõem o CIT”, passando a nomear todos aqueles que, a partir de Monforte, marcaram e marcam o panorama da Tauromaquia nacional e internacional, designadamente, o ganadeiro Cláudio Moura, os Campinos que com ele ainda privaram, João Florindo e Manel Farinha, os saudosos irmãos João Moura e António Benito Moura, um equitador de excelência e outro ganadero, os Maestros João António Moura, e Paulo Caetano, João Moura Caetano, João Moura Junior e Miguel Moura, o Grupo de Forcados Amadores de Monforte e destacou os forcados já retirados Francisco Moura, António José Zuzarte e José Maria Falcão e todos os que se encontram no ativo, seja no Grupo de Monforte, no Grupo de Arronches ou no grupo de Santarém, como é o caso do David Romão e do Ricardo Tavares, os peões de brega José Franco (Grenho), Hugo Silva, “Bini” e Ricardo Raimundo, os novilheiros João Augusto Moura e João Silva (El Juanito) e, ainda, Maria Moura Caetano, penta Campeã Nacional de dressage, representando Portugal nas mais importantes provas equestres mundiais e, por fim, as ganadarias e Coudelarias do Concelho, evidenciando a ganadaria de Maria Guiomar Cortes de Moura e os produtos coudélicos de Romão Tavares, João Moura, Paulo Caetano e Armando João Moura.
“De forma muito sucinta e transversal”, continuou o autarca, “referi tudo aquilo que nos torna especiais no mundo da Tauromaquia, pois não há no mundo uma terra ou um Concelho com estas características. Por todas estas razões, justifica-se o nascimento deste equipamento, não só para atrair visitantes, servindo, assim, fins turísticos e comerciais, mas também e essencialmente para imortalizar, valorizar e tratar com um cuidado especial, aquilo que são as nossas raízes, a nossa história, a cultura de um povo. Onde há toureiros, terá obrigatoriamente que haver cavalos, toiros, peões de brega, moços de espada, campinos, condutores e toda uma estrutura que se tornou imparável, que nos orgulha e que contribuem decisivamente para o incremento da economia do nosso Concelho. Aliás, este CIT fixou o seu epicentro sobretudo nas pessoas, aquelas que, direta ou indiretamente, fazem parte do historial taurino de Monforte, sem esquecer aqueles que, muitas vezes, não estão visíveis, mas que, sem eles, seria impossível apresentar o produto final de toda esta atividade”.
O Presidente do Município reconheceu que “este não era bem o Centro Interpretativo Tauromáquico que um dia sonhei, enquanto aficionado. Idealizei algo bem mais ambicioso, pois a tauromaquia e a cultura taurina de Monforte tinham matéria-prima de sobra para fazer um CIT único no mundo, utilizando inovação, tecnologia de ponta, hologramas, sonoplastia, cor, luz etc… mas todas estas ideias têm custos avultados que a conjuntura do País, da Europa e particularmente da Câmara de Monforte não permitem”.
Gonçalo Lagem concluiu elogiando a atitude do Secretário de Estado da Administração Local que, “sem pudor, tem lidado corretamente com este tema tão controverso para certos políticos e que, no entanto, para nós, aficionados em geral e monfortenses em particular não tem controvérsia nenhuma, porque entendemos que faz parte do nosso ADN, da cultura portuguesa, da nossa história, do que nos torna autênticos e que nos confere identidade. Identidade essa que jamais poderemos negar, ou dissimular, deveremos é promove-la e difundi-la, pelo respeito da nossa história e singularidade. Estou e estamos-lhe muito gratos pelo exemplo que, hoje, aqui em Monforte, está a dar ao País, com a sua presença, o seu apoio e disponibilidade”.
Em declarações à comunicação social, o Secretário de Estado da Administração Local disse “que, considerando que existem muitas famílias que encontram o seu sustento na riqueza gerada pela atividade desenvolvida em torno da tauromaquia, tenho que enaltecer a Câmara Municipal de Monforte por esta iniciativa que exemplifica bem a ambição que as autarquias devem ter quanto à promoção dos interesses das populações locais. Portanto, quando fui convidado para estar presente nesta inauguração, quis colocar-me, desde logo, ao lado do Presidente deste Município e, agora, tive oportunidade de constatar que este projeto é um modelo de uma excelente utilização dos recursos disponíveis, feito à medida das possibilidades e, também, sinal de uma gestão pública regrada e criteriosa. Houve, de facto, uma grande preocupação da parte do Município em não optar por um projeto megalómano. Por outro lado, esta visita a Monforte permitiu-me conhecer um pouco mais acerca do meio tauromáquico e o valor que tem para a comunidade. Foi, afinal, uma imersão nesta atividade… nesta tradição que é parte da cultura portuguesa e, especialmente, de Monforte”.
O programa prosseguiu com a atuação da Banda Municipal Alterense, de Alter do Chão, o descerramento da placa evocativa, visita às instalações, assinatura do “Livro de Visitas” e um “Porto de Honra”.