MUNICÍPIO RECUPERA E VALORIZA RIQUÍSSIMO ACERVO AZULEJAR
Updated on 16/10/2023A inauguração do “Monforte Sacro – Painéis de Azulejos do Século XVIII Sobre a Vida e Milagres da Rainha Santa Isabel”, espaço museológico instalado na Igreja do Espírito Santo, em Monforte, requalificada para esse efeito, teve lugar no dia 13 de outubro, a partir das 18.00h, iniciando-se com uma animação de rua com o grupo Uh!Topia – Produções Criativas, e o espetáculo musical “Opereta Infantil D. Dinis”, pelos alunos da Escola de Monforte, seguindo-se a abertura da cerimónia solene com as intervenções do Presidente do Município, Gonçalo Lagem, do Provedor da Santa Casa da Misericórdia, José António Rasquinho, do Presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, José Manuel dos Santos, do Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo – CCDRA, António Ceia da Silva, e da Secretária de Estado da Cultura, Isabel Cordeiro, e o descerramento da placa alusiva ao ato.
Integrando-se ainda no programa, o Município de Monforte promoveu nos dias 14 e 15, sábado e domingo, respetivamente, às 15.00h e 18.00h, sessões do micro-teatro “O que D. Dinis não sabe”, espetáculo encenado pelo Coletivo Cultura Alentejo de Estremoz.
A iconografia da Rainha Santa Isabel é um património artístico riquíssimo no domínio da escultura, da gravura, da pintura a óleo e de azulejo.
É na vila de Monforte, no Alto Alentejo, que se conserva o mais completo e original programa iconográfico dedicado à Rainha Santa Isabel. Trata-se de um acervo azulejar proveniente da Igreja do antigo Convento do Bom Jesus, um dos mais notáveis mosteiros femininos do Alto Alentejo, igreja demolida em 1945/46.
É constituído por cerca de 15.000 azulejos setecentistas que revestiam inteiramente a nave da igreja, contendo representações nalguns casos inéditas de milagres e episódios da vida da Rainha Santa.
Estes azulejos que constituem aquilo que resta do riquíssimo acervo da igreja foram retirados e armazenados em 59 caixotes numa dependência da Santa Casa da Misericórdia de Monforte, sua proprietária.
Em 2006, foi firmado um protocolo entre a Câmara Municipal de Monforte e a Santa Casa da Misericórdia da mesma vila com objetivo de proceder à inventariação, registo fotográfico e montagem do referido acervo. Os trabalhos iniciaram-se em 2012. Desde então teve lugar o rigoroso e exaustivo trabalho de inventariação realizado pela equipa da Câmara Municipal de Monforte que permitiu a identificação temática da totalidade dos painéis historiados e reconstituir o notabilíssimo revestimento integral da igreja.
Terminada a inventariação do espólio azulejar, importa sublinhar a forma meritória como a Câmara Municipal desde a primeira hora se empenhou na salvaguarda de um precioso património que urge devolver ao nosso tempo.
Considerando que o objetivo final deste projeto foi sempre a instalação definitiva deste importantíssimo espólio em espaço público que permitisse a sua fruição, a Câmara Municipal de Monforte encontrou a melhor forma de reintegrar este singular património na malha urbana da vila.
Efetivamente ao decidir a reabilitação da antiga Igreja do Espírito Santo, atualmente propriedade da autarquia, para no seu interior proceder à recolocação condigna do revestimento azulejar da igreja do convento do Bom Jesus de Monforte, conseguiu conjugar dois objetivos: além da requalificação de um edifício histórico, dar também dignidade e visibilidade a um espólio riquíssimo e valiosíssimo.
Assim, nasceu com a feliz designação de “Monforte Sacro” um espaço de referência para a fruição pública, situado no centro histórico da vila, de um centro interpretativo que de uma forma clara contextualiza este património que renasceu passados mais de sete décadas de esquecimento.