PROGRAMA “AGIR3GMonforte” REFORÇA AÇÃO SOCIAL
Updated on 08/04/2022Iniciado em outubro do ano transato, o “Agir3GMonforte” é um dos programas contemplados pela implementação do CLDS-3G – Contratos Locais de Desenvolvimento Social 3ª Geração, cuja candidatura foi apresentada, em parceria com a Câmara Municipal de Monforte, pelo Centro de Dia de Nossa Senhora dos Milagres de Assumar, na qualidade da respetiva Entidade Coordenadora Local de Parceria (ECLP) designada em sede do Conselho Local de Ação Social (CLAS).
Durante um período de 36 meses, uma equipa constituída pela coordenadora técnica, Vera Batista, e mais duas técnicas, Carla Mestre e Carla Ferreira, será responsável pela execução do plano de ação do “Agir3GMonforte”, através da promoção de ações enquadradas em três eixos de intervenção: Eixo 1 – Emprego, formação e qualificação, Eixo 2 – Intervenção familiar e parental, preventiva da pobreza infantil e Eixo 3 – Capacitação da comunidade e das instituições.
Visando potenciar os territórios e a capacitação dos cidadãos e famílias, promovendo a equidade territorial, a igualdade de oportunidades e a inclusão social nas suas mais diversas dimensões, essas ações são organizadas tendo em conta o plano de ação do CLDS-3G, elaborado com base nos instrumentos de planeamento dos Conselhos Locais de Ação Social (CLAS), nomeadamente no Diagnóstico Social e/ou no Plano de Desenvolvimento Social Concelhios.
Vera Batista explicou que “o programa Agir3GMonforte assenta, pois, num trabalho concertado entre os parceiros que incidirá, sobretudo, na problemática do desemprego, procurando criar respostas que visem incrementar o emprego, a formação e qualificação, repercutindo-se igualmente sobre a situação de famílias e das minorias, para as quais serão preparadas múltiplas ações de intervenção familiar e parental para a capacitação da família e proteção e promoção dos direitos das crianças e jovens”.
“No entanto”, continuou a Coordenadora Técnica, “para que determinadas metas fixadas sejam alcançadas, torna-se imprescindível contarmos, ainda, com o envolvimento da comunidade e organismos, públicos e/ou privados, que poderão participar responsavelmente em ações que na generalidade contribuam para promover a cidadania plena”.
De entre as iniciativas entretanto concretizadas no âmbito do plano de ação do Agir3GMonforte/CLDS-3G, Vera Batista destacou uma sessão sobre a “Importância da Mediação nas Comunidades Ciganas”, na qual, para além da presença de representantes de organismos convidados, compareceram 47 membros da comunidade cigana fixada no Concelho. Inserida na atividade “Família 3G”, do Eixo 2, a ação foi organizada em parceria com os Núcleos Distritais de Portalegre e Beja da EAPN – European Anti Poverty Network (Rede Europeia Anti-Pobreza) e a AMEC (Associação de Mediadores Ciganos de Portugal), apresentada publicamente nessa ocasião.
Coube à Coordenadora Técnica do Agir3GMonforte abrir a sessão, fazendo uma exposição geral sobre o CLDS-3G e particularizando objetivos concretos propostos pelo Programa implementado no Concelho de Monforte.
Representando o Núcleo Distrital de Portalegre da EAPN, Isabel Lourinho destacou o papel que esse Núcleo tem assumido junto da comunidade cigana e referiu-se às próximas sessões já agendadas e que irão realizar-se em parceria com o programa de Monforte.
Anselmo Prudêncio, da EAPN de Beja, começou por sublinhar a importância destas ações que levam a aproximar a comunidade cigana à comunidade maioritária. A sua comunicação foi apoiada pela projeção de dois vídeos, abordando a discriminação e refletindo sobre o que é “ser cigano” e terminou com o técnico de Beja a afirmar que “temos que ser realistas… há discriminação, no entanto, é com bons exemplos e boas práticas que conseguiremos combatê-la”.
Mediador municipal em Beja desde 2009 e presidente da Direção da Associação de Mediadores Ciganos de Portugal, Prudêncio Canhoto, começou por realçar algumas das funções mais relevantes exercidas na qualidade de mediador, lembrando que existem em Portugal entre 50 a 60 mil ciganos e não poupou apreciações relativamente a diversas questões que, no seu entender, têm sido negligenciadas em grande parte por causa de comportamentos associados ao modo de vida das comunidades ciganas.
O experiente mediador defende que “não pode faltar a qualquer cigano o respeito, a honra e a vergonha, pois está a acabar-se com a união entre os ciganos porque o respeito está a perder-se, nomeadamente em relação aos mais velhos (matriarcas ou patriarcas). Tem que haver mudança, mas essa tem que partir de dentro de nós. Temos que mudar mentalidades… as nossas mentalidades. Os nossos filhos merecem ter mais oportunidades do que as que nós tivemos”.
Prudêncio Canhoto disse, ainda, que “existe discriminação para com os ciganos, mas também existe dentro da própria comunidade”, e concluiu afirmando que se deve “apostar na gente, que nós podemos fazer melhor!”