ENCERRA HOMENAGEM A DOMINGOS PEÇAS COM “NOITES DE VERÃO”
Atualizado em 08/04/2022Integrando-se, ainda, no programa das celebrações promovidas pela Câmara Municipal de Monforte para homenagear Domingos Maria Peças “O Banana”, que se iniciaram no dia 16 de maio, realizou-se nos dias 24 e 25 de julho, em Monforte, o evento “Noites de Verão no Quintalão” com um concerto pela Tuna da Universidade Sénior da Santa Casa da Misericórdia de Borba, na primeira noite, que teve como cenário o espaço denominado “Quintalão”, cedido pela família Sardinha, sua proprietária, e no dia seguinte, às 18 horas, teve lugar a cerimónia de atribuição do nome do homenageado à Galeria Municipal, onde se descerrou uma placa evocativa e foi inaugurada a exposição fotográfica das celebrações anteriores e outras fotografias, filmes e demais espólio da família e, também, postais da coleção de Carlos Paço relacionados com cinema. Às 21.00 horas, novamente no “Quintalão”, muitas pessoas, de várias idades, tiveram oportunidade de viver uma reconstituição de uma das sessões de cinema ao ar livre que “O Banana” proporcionou ao longo de décadas, assistindo à projeção do filme “Sangue Toureiro”.
Recorde-se, como já foi referido, que o programa desta homenagem póstuma a Domingos Peças, falecido no ano de 2005, iniciou-se a 16 de maio, quando os seus familiares se reuniram em Monforte para assinalar o 1º centenário do seu nascimento. Nessa ocasião, a autarquia associou-se também aos atos, realizando uma sessão solene à qual se seguiu a inauguração da exposição “O Cinema do Banana”, que esteve patente ao público até ao dia 29 de maio, na Galeria Municipal, em Monforte. Às 13.00 realizou-se um almoço de confraternização e às 16.00h, na Sala de Espetáculos d’”Os Encarnados”, viajou-se no tempo, recordando esses anos áureos do cinema português a preto e branco com a projeção do filme em 35mm “Amália – O filme”. O programa terminou, às 19.00h, com uma missa em memória do homenageado na Igreja Matriz.
O Presidente da Câmara Municipal de Monforte, Gonçalo Lagem, nas várias intervenções que teve, realçou sempre a dedicação que, durante mais de 50 anos, Domingos Maria Peças prestou ao cinema ambulante, contribuindo, sobretudo, para a criação de novos hábitos culturais na população do Concelho, referindo que, mesmo depois de residir em Lisboa, desde 1962, Domingos Peças, ou o “Banana”, como era tratado carinhosamente porque foi o primeiro comerciante a trazer para Monforte um cacho de bananas, regressava, todas as semanas, a Monforte, a sua “terra do coração”, para apresentar as novidades cinematográficas e, afirmou, “conhecendo o seu percurso profissional, admiro-o como uma pessoa que, para a sua época, foi bastante ousada, empreendedora, inovadora e visionária, a quem os Monfortenses souberam dedicar especial consideração. A personalidade de Domingos Maria Peças está incrustada na História de Monforte que muito enriqueceu com um legado cultural precioso que nos deixou, como se pode constatar através desta e da anterior exposição. Por tudo isso, distingo-o como uma figura ímpar da História da Cultura Monfortense. Portanto, a decisão para designar patrono da Galeria Municipal o Senhor Domingos Maria Peças, aprovada por unanimidade em reunião do executivo, é mais do que justa”.
Gonçalo Lagem voltou a felicitar os familiares do homenageado, elogiando-lhes, em particular, a capacidade de organização que, nos últimos meses, tem trazido a Monforte dezenas de pessoas.
DOMINGOS MARIA PEÇAS, O “BANANA”
BIOGRAFIA
Domingos Maria Peças, alcunhado por “Banana”, nasceu em Évora a 4 de maio de 1915 e faleceu em Lisboa a 15 de fevereiro de 2005.
Influenciado pela formação católica de seus Pais, Eduardo Celestino Peças e Rosária Pita Peças, pessoas humildes ligadas à indústria da panificação, ingressou no Colégio Salesiano de Évora, respeitando, assim, a vontade de sua mãe que desejava que ele seguisse teologia e fosse Padre. Mas a sua vocação era outra…! E, ainda muito jovem, por volta do ano de 1930, saiu de casa, em demanda de um destino diferente. Vendedor de profissão, ficou a conhecer muitas localidades do Alto Alentejo e, em 1931, fixou-se, então, em Monforte, onde começou a trabalhar na Padaria de Fernando Carvalho.
Casou-se em 1935 com Sílvia Máxima. Desta união nasceram cinco filhos: Maria Rosária, Leonel, Emídio João, Lizete Marília e José Luciano.
Revelando particular propensão para a atividade comercial, decidiu adquirir um Café, na Rua do Arco, em Monforte, que ficaria conhecido por “Café Banana”, a alcunha que lhe foi atribuída quando trouxe o primeiro “cacho” de bananas para Monforte, nunca antes visto pela população.
Entretanto, enviuvou e, em 1945, casou com Joaquina Coelho. Deste segundo matrimónio nasceram quatro filhos: Margarida da Conceição, Alberto José, Artemiso Manuel e Eduardo Manuel (já falecido).
Em 1949, celebrou um contrato para assumir a exploração da Padaria de Fernando Carvalho, conjugando-a, a partir desse mesmo ano, com uma outra atividade, o Cinema ambulante sonoro.
A primeira projeção de um filme, em Monforte, teve lugar na Sociedade “Os Amarelos” e, daí por diante, na Sociedade Filarmónica Monfortense “Os Encarnados“ e no “Quintalão”.
Foram inúmeras as pessoas de todas as idades que, pelos quatro cantos do Alto Alentejo, em Casas do Povo, Sociedades Recreativas, Praças de Touros…, se deixaram fascinar por essa magia da sétima arte, e, embora tenha ido viver para Lisboa em 1962, Domingos Maria Peças regressava todas as semanas a Monforte e arredores para exibir as últimas novidades cinematográficas e matar saudades desta “terra do seu coração”.
Em Lisboa, continuou a alimentar a grande paixão pelo Cinema, participando regularmente em diferentes iniciativas relacionadas com a atividade que eram promovidas por todo o Distrito.
Homem lutador, Domingos Maria Peças, o “Banana”, distinguiu-se, acima de tudo, pela honestidade e pela perseverança como se empenhou para proporcionar aos seus nove filhos a melhor educação possível.