EM MONFORTE AGOSTO É (MAIS) CULTURAL
Atualizado em 08/04/2022A atividade cultural constitui matéria que a Câmara Municipal de Monforte insere na lista das suas principais prioridades, não só a que promove diretamente, mas também aquela para a qual os apoios e demais formas de colaboração prestada pelo executivo são contributos preciosos, tanto a que é incrementada na área do Concelho, como as demais iniciativas que decorrem noutras regiões, em Portugal e no estrangeiro. Por outro lado, são frequentes as iniciativas que associam diferentes manifestações culturais a outras áreas ligadas normalmente ao desporto, educação e proteção do património em todas as suas vertentes.
No prosseguimento dessa política cultural, e à semelhança de anos anteriores, o Município lançou por ocasião das Festas em Honra de Nossa Senhora do Parto, que se realizaram em Monforte, durante os dias 13, 14 e 15 de agosto, um programa de atividades a que chamou “agosto cultural” e que incluiu duas exposições de pintura, uma em técnica mista pela mão do artista plástico Patico, pseudónimo de Francisco Alberto Medalhas, um monfortense que reside há alguns anos em Lagoa, no Algarve, e que está patente na Galeria Municipal Domingos Maria Peças, e outra de trabalhos a óleo de Francisco Félix, de Alter do Chão, e uma terceira para assinalar as comemorações dos 10 anos de Alternativa do Cavaleiro João Moura Caetano e que está exposta no Centro Interpretativo Tauromáquico.
Para além destas três mostras, que ainda poderão ser visitadas até ao dia 31 do corrente mês, a Autarquia juntou ainda ao programa uma exposição intitulada “Caminhos da Rainha Santa – Os painéis de azulejo da Igreja do Bom Jesus de Monforte”, e que foi inaugurada no dia 13, na Biblioteca Municipal, onde ficará instalada até 30 de setembro. A inauguração foi antecedida pela realização de um colóquio, igualmente organizado pela Câmara Municipal, subordinado ao mesmo tema e que contou com um painel de oradores constituído pelos técnicos que compõem a equipa responsável pela remontagem, reconstituição e estudo integral desse conjunto de azulejos proveniente do destruído convento de clarissas de Monforte, nomeadamente Maria de Lourdes Cidraes e Vitor Serrão, ambos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, José Meco, da Academia Nacional de Belas-Artes, e, da Câmara Municipal, o historiador José Inácio Militão da Silva e a arqueóloga Paula Morgado, aos quais se juntaram Gonçalo Lagem e Mariana Mota, o Presidente do Município e a Vereadora da Cultura, Francisco Duarte, Provedor da Santa Casa da Misericórdia, Padre Joannes, Pároco local, Rui Maia da Silva, Presidente da Assembleia Municipal, e Teresa Cunha, a dirigente da Unidade Orgânica Flexível Sociocultural, Educação e Desporto da Autarquia.
Gonçalo Lagem congratulou-se pela colaboração que está a ser prestada pelos organismos envolvidos e mostrou-se bastante satisfeito pelo desenvolvimento dos trabalhos já realizados, anunciando que o Município está a ponderar a possibilidade de requalificar a antiga Igreja do Espírito Santo para museu de arte sacra, onde, então, todo este acervo azulejar será acondicionado, dispondo-o conforme se encontrava no convento. Esta intenção mereceu o maior aplauso dos técnicos, sobretudo de José Meco que já tinha defendido que a recolocação do conjunto não deverá ser feita alterando a ordem dos painéis ou expondo-os isoladamente pois é sempre desejável que a sua sequência original seja respeitada.
Segundo afirmou Vitor Serrão, trata-se de um “notabilíssimo conjunto de azulejos barrocos, que, em boa hora, estão a ser alvo do presente projeto de investigação, que envolve o Município e a Misericórdia de Monforte e os Centros ARTIS e CLEPUL da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Apesar de esse convento ter sido arrasado em 1945, salvaram-se os seus azulejos, conservando-os durante mais de 60 anos em 55 caixotes que só foram abertos no âmbito deste estudo. Estes azulejos, da oficina lisboeta do pintor de azulejos Valentim de Almeida, datam de 1745 e constituem o mais extenso e notável acervo iconográfico sobre a vida e milagres da Rainha Santa Isabel existente no mundo”.